Relembrando - a novela "Redenção" (ou seria Putenção?)


Disse que ia criar um blog de críticas a web novelas (e séries) e cá estou. No quadro "Relembrando", iremos relembrar (óbvio) alguma novela de sucesso (e as que não fizeram sucesso também), juntamente com alguma crítica relacionada a mesma. Como não tenho muita paciência pra exibir isso durante a semana, e não tenho tempo também, não sou vagabunda, os posts sairão toda sexta feira (ou no dia que eu estiver afim). E hoje iremos relembrar nada mais nada menos que Redenção, finjam surpresa!



Exibida no Web Novelas Channel entre 24 de abril a 8 de junho de 2018 no horário das 20h, substituindo Do Próprio Veneno e antecedendo Herói Nacional, Redenção foi escrita por Rick Novack e teve uma média geral de 29.89 pontos, sendo a segunda maior audiência do horário (até agora), perdendo apenas para Seu Mijo Sangue é meu Drink, da autora Keya.

Recheada de drama, suspense, romance e uma pitada de humor negro, a novela chamou atenção pela grande quantidade de cenas pesadas (dignas de filmes de terror), sexo, o uso excessivo de palavrões em seus diálogos e a abordagem de temas fortes. Os diálogos e o texto da trama eram como um todo, escritos com bastante esmero, mais próximos ao estilo popular e sem parecer didático (só um pouco), mas nada que tirasse o brilho que foi essa novela. O autor não teve pudores ao escrever a trama. Clichês sempre existem e sempre irão existir, porém, o modo como desenvolvemos é o que faz toda a diferença e fez em Redenção. A história das duas irmãs que não se bicam, por exemplo, não é original, mas a contextualização da novela, sim.


Relembrando a novela:


Para você que não leu, não quis ler porque é um preguiçoso(a) descarado(a), ou não leu porque não gosta do autor, ou não se lembra mesmo, iremos te relembrar porque essa é a nossa função.

Intitulada como "O seu novo legado das 8", Redenção começou sua longa jornada mostrando a triste vida da protagonista Norma Silveira (Vanessa Gerbelli), pobre e vivendo numa casa simples, muito, muito, muito simples, caindo aos pedaços, junto com a filha de 9 meses, Laís e o marido violento e bêbado esqueci o nome (Fábio Lago). Como toda protagonista clichê, Norma comeu o pão que o diabo amassou. Foi agredida pelo marido e de vez em quando, estuprada por ele que parecia ser uma pessoa possuída pelo demônio de tão ruim que era (ameaçou até a vida da própria filha, ainda bebê).

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(As irmãs: Norma cara de xibiu e Marcela cara de demônio)


É nos apresentado também a vilã Marcela Dellatorre (Daniela Escobar), uma mulher rica, debochada e má (óbvio). Sem papas na língua, Marcela já entra em cena destratando a empregada incompetente e com nojo da irmã pobre que foi visitá-la com o objetivo de pedir ajuda. Marcela se faz de boazinha e promete ajudar a irmã Norma depois de vê-la com marcas de agressão feitas pelo marido dela. Marcela vai até a casa da vovozinha da pobre irmãzinha, chegando bem na hora em que está rolando o fuzuê entre ela e o marido. O arerê só ganha força com a chegada de Marcela: O marido de Norminha agride a mocinha e ela cai desacordada no chão. O homem endemoninhado bêbado ameaça pôr um fim na vida Marcela que empoderada o mata com várias facadas. Em seguida, a vilã arma para que a polícia fique sabendo do homicídio e foge com a bebê Laís, fazendo com que a irmã pague por um crime que não cometeu. Norma é condenada a 18 anos de xilindró enquanto Laís é criada pela malvadona da titia Marcela, que ela cresce acreditando ser a sua mãe de sangue. Ao sair da cadeia, Norma passa a ter dois objetivos na vida: reencontrar sua filha e acertar as contas com a irmã querida (menty). Se hospeda na pensão da dona Sandra (Elizabeth Savalla) que não demora muito para se tornar a sua BFF e aliada. Mas nem só de sofrimento vive uma mocinha. É na parte pobre da novela que Norma também conhece e se apaixona por Júnior (Marcos Pasquim), um homem viúvo que passou a criar sozinho o filho problemático, Cláudio (David Lucas) após a morte da mulher, Renata (Dira Paes).

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(adorava a Camilinha, rçrçrçrç) 

Enquanto isso, Marcela segue linda de bonita, rica e cada vez mais poderosa, casada com Ricardo Dellatorre (Marcos Pitombo), dono da Chique Lins, uma empresa de roupas de grife na qual a mulher trabalha como estilista. A tal empresa foi palco das emblemáticas cenas de sexo e putaria entre Ricardo e a secretária Camila (Alessandra Negrini), sua amante. O casal fez um grande sucesso entre o público, é praticamente impossível falar de Redenção sem lembrar do “Ricardão e da Camilinha”. 

Na mansão de Marcela vive também a mãe dela, a cadeirante Elvira (Nathália Timberg) e sua enfermeira Joana (Débora Nascimento). Elvira é maltratada por Marcela, que não suporta a velha, pondo nela, apelidos como “múmia curiosa”, “velha intrometida”, “múmia aleijada”, “bruxa velha”, dentre outras coisas. Elvira se ressente por ter maltratado sua outra filha, Norma, no passado e o que mais deseja é revê-la e pedir perdão por todo mal que lhe fez.


Laís (Alice Wegmann) estuda no colégio Boaventura, onde são mostradas as histórias de seus amiguinhos playboys, riquinhos e patricinhas. 

("Laís tem cara de sapatão" - Carrão, Nina)

A vilã homofóbica Nina (Arianne Botelho), sua best friend, namora com Lucas (Arthur Aguiar) que se mostra homofóbico igual a ela, mas depois descobrimos que é tudo faixada para esconder a sua real opção sexual.

(bonitinha, mas ordinária)

Gay enrustido, Lucas se apaixona por Mateus (Maurício Destri), mas como nem tudo vem fácil nessa vida, os dois começam na amizade e só depois partem pro “love”, quando Nina descobre a opção sexual do namorado e resolve jogar toda a bosta no ventilador, revelando o segredo dele a Pedro (Antônio Fagundes), pai homofóbico do garoto. Após levar uma surra do pai, Lucas é expulso de casa por ele e vai morar com Mateus que o abriga em sua residência, iniciando assim, o famoso shipper #Luteus. Incomodada com a felicidade do ex, Nina se transforma numa cachorra raivosa e se alia ao amigo Bruno (Daniel Blanco) (que também era gay, rysos) para separar #Luteus, se tornando aos poucos, a segunda maior vilã da novela (desculpa querida, mas a vilã dessa história é a Marcela, tente novamente mais tarde).




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(que inveja do Mateus)

Temos também o personagem Miguel (Marcello Melo Jr) que é um bolsista apaixonado por Laís, porém, sempre esnobado por ela. Laís tenta um envolvimento com Hugo (Daniel Rocha), mas acaba dando merda. Violento e desequilibrado, Hugo chegou a se meter numa briga com Miguel por causa de Laís e ao jurar vingança, implantou uma bomba no colégio, fazendo tudo ir pelos ares. Felizmente, todo mundo sobreviveu, senão nem teria história para contar, mas ficaram sem ter aulas (seria meu sonho?).

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(que porra, aí você me quebra com tanto boy gostoso nessa novela. minha prikita tá em chamas)

Hugo é filho de Sílvia (Carolina Ferraz), uma mulher misteriosa que conhece Marcela do seu passado como prostituta e esconde um grande segredo que envolve a vilã.

Por falar em “tudo pelos ares”, no capítulo 15 temos a grande virada, diga-se de passagem, uma das cenas mais esperadas da novela: Norma finalmente se revela para a filhota Laís, e também os podres de Marcela são jogados aos quatro ventos, isso, na festa de aniversário de 18 ânus da menina (que agora virou uma mocinha). A partir daí, a trama engrena de vez e virando um filme de terror em formato de webnovela, com várias cenas pesadonas, várias viradas impressionantes e revelações bombásticas encaminhando assim, a história para suas emoções finais. (Realmente, emoção não faltou).

A novela foi responsável por inúmeras cenas marcantes: como a surra da Norma na Marcela, considerada inovadora, pois nela até a mocinha apanhou da vilã. Ambas saíram dessa briga (que até um carro foi usado para uma atropelar a outra) ensanguentadas, porém, mesmo tendo apanhado, Norma lavou a alma do público num cenão de tirar o chapéu, numa sequência de tirar o fôlego. Diálogos, cortes, tudo muito bem feito, o autor está de parabéns.

Não podemos deixar de citar também as inúmeras cenas de sexo, dignas daqueles filmes pornôs do xvídeos, entre Ricardo e Camila. O casal hot da novela só faziam transar (não tinham outra função na novela além disso), mas era isso que gerava entretenimento, burburinho e os dois, com muita química, fizeram um grande sucesso. Foi por conta dessas cenas e de outras também que a novela ganhou o carinhoso apelido de “Putenção”, sem medo de chocar a família tradicional brasileira (rysos).

Aliás, seria muito exagerado da minha parte dizer que Luteus foi o melhor casal gay da história das webnovelas? Românticos, o amor dos dois era imbatível. Mesmo com as armações de Nina e Bruno para separá-los, o casal continuava firme e forte, dando várias rasteiras na vilã e seu “capacho” com seus planos nada inteligentes. Nina era uma espécie de antagonista que se achava inteligente, mas era tão burra que na prova de marcar X ela marcou CH (não aconteceu isso, mas né).

Mateus dava força a Lucas e Lucas protegia Mateus (ou vice versa). Ao contrário das cenas entre o Ricardão e sua Camilinha, as cenas das transas entre Luteus eram delicadas, românticas, cheias de detalhes em seu texto, dando uma sensação de frescor e um acabamento que na realização da leitura, abria um mar de imaginações da cena como seria se exibida na televisão. Os diálogos entre os dois, cheios de referências a séries como “How to Get Away with Murder”, também chamaram atenção. A abordagem do homossexualismo na trama gerou discussões sobre o tema nos comentários dos capítulos da novela, algo que até então, não era visto antes (eu não via, se você via, joga nos comentários).

Apesar de bem escritos, os diálogos iniciais da trama, me pareceram um tanto engessados. Não falo didático, ninguém aqui tá falando de didatismo, mas engessados mesmo. Ao reler a trama, tive a impressão de que alguns personagens pareciam robôs falando, outros não, mas enfim, era apenas uma primeira impressão: com o passar do tempo, a história foi se livrando das “amarras”, igual aquelas pessoas que entram tímidas no canto em uma festa e duas horas depois está rebolando a bunda no chão.

Destaque para os vários embates da novela: Marcela x Norma, Marcela x Elvira, Marcela x Joana, Laís x Marcela, Camila x Marcela, Júnior x Cláudio, Nina x Lucas, Lucas x Bruno, Bruno x Nina, Bruno x Mateus, Lucas x Pedro, Mateus x Nina, Miguel x Hugo, Hugo x Sílvia, Hugo x Laís, Sílvia x Marcela, Camila x Marcela, Ricardo x Marcela e por aí vai.

A “quase bissexualidade” foi explorada na protagonista Laís. Após a revelação feita pela mãe Norma no capítulo 15, ela foge de casa e vai parar num bordel. Lá, conhece uma prostituta e tem um envolvimento com ela, um beijo, para ser mais preciso. Como dizia a Nina, “A Laís tem cara de sapatona”. Será que essa frase era algum tipo de spoiler? Não sabemos até hoje.

Apesar de ter sido uma protagonista forte e cheia de atitude, Norma era um pouco ofuscada pela vilã Marcela, não digo muito porque a trajetória da mocinha também chamava muito a atenção, mas não tanto quanto a da vilã, que roubou a cena, pintou e bordou com seu leque de maldades, suas frases marcantes, expelidos pela sua língua ferina. Aliás, nunca na vida vi uma vilã má como essa mulher. Acho que a palavra “má” ainda seria pouco para descrevê-la. Ela era muito má, demasiadamente perversa. Mas como toda trama bem construída, isso tinha um motivo que era bem claro: a relação da mulher com o demônio. Sim, foi isso mesmo que você leu!

O motivo pelo qual Marcela enriqueceu tão depressa era esse: ela fez um pacto com o diabo, prometendo dar sua vida em troca de dinheiro e poder no dia 7 de Junho de 2018 (que por pura coincidência, mentira, foi proposital, era a data do penúltimo capítulo da novela). As maldades dela só cresciam ao longo da trama. Cada vez mais enlouquecida, ela chegou a torturar e humilhar a própria mãe, fazendo-a comer das suas próprias fezes, numa cena antológica e nojenta (li com um balde do lado), e como se não bastasse tudo isso, matou a velha (atirando-a do alto da escada, de cadeira de rodas e tudo) e a enfermeira Joana (com um tiro de escopeta) – isso, após descobrir o caso do marido Ricardão com a Camilinha.

Round 1:

A revelação do segredo de Sílvia movimentou a reta final da trama. Foi mostrado que ela não era mãe de Hugo e sim Marcela. No passado, as duas eram amigas, e a vilã tentou matar a criança ainda na barriga, pois não admitia estar grávida de um menino (queria uma garota). Após Marcela dar à luz, Sílvia (que era médica), inventou que o bebê havia nascido morto, para a alegria de Marcela, criando Hugo como seu filho. Acreditando que havia perdido o bebê, Marcela fez o que fez: na primeira oportunidade, armou para que Norma fosse presa no seu lugar e levou Laís consigo, criando-a como sua. Tudo se interligava! Movida pelo ódio, Marcela matou Sílvia quebrando seu pescoço e escondeu isso de Hugo. Aliás, houve aqui nessa fase, algo um tanto inusitado: A relação incestuosa entre Hugo e Marcela, que apesar de tudo, não escandalizou, todos já esperavam por isso.

Round 2:

Já na reta final, Marcela pretendia matar Norma e ter a sua fortuna de volta. A essa altura da história, a mocinha já havia sido recompensada pelo Ricardão e pela Camilinha (que, pleníssimos, roubaram toda a fortuna da vilã: quilos e mais quilos de dinheiro que estavam escondidos em um armário do porão). Norminha ficou riquíssima, morando numa linda mansão. Mas como felicidade de pobre dura pouco (rica, mas com alma de pobre, falo mesmo!), Marcela voltou com tudo (e com o gostoso do Hugo também) num jantar que Norma fez pros amiguinhos em sua mansão, sequestrando todo mundo (incluindo o Ricardão e a Camilinha que estavam lá também, rçrçrçrrçrçrççrç). Fez todo mundo de refém, levou para um parque de diversões e além de torturar psicologicamente e fisicamente cada um, ameaçou a Norma de morte numa cena bizarra, prendendo-a num tal brinquedo (que esqueci agora, mas vamos seguir). A polícia chegou lá no lugar e Marcela, baleada, foi pro hospital, enquanto Hugo ficou frente a frente com seu papi soberano, vulgo Ricardão.

A morte de Marcela foi de longe, a cena mais horripilante da história da dramaturgia virtual (sempre quis falar isso). Muito bem escrita e detalhada, a cena mostra o demônio saindo de um quadro no quarto dela no hospital. O policial que estava de guarda lá, foi arremessado pela janela tendo seu corpo despedaçado ao chegar no solo. Marcela foi encontrada pela polícia (e pela irmã) numa poça de sangue, com todos, eu disse TODOS os ossos do corpo quebrados.

Round 3:

O último capítulo foi marcado pela última cartada da vilã Nina, que sequestrou o casal gay, matou um policial, – isso após ter matado o pai homofóbico de Lucas (que pediu perdão para ele antes de ir pro além), ter matado o Bruno, ter sido assediada por um mendigo, dentre outras coisas – mas que foi presa após ter caído em mais uma cilada do casal. O final dela foi épico. Depois de ter passado toda a trama exalando preconceito contra a galera LGBT e ter ido parar na cadeia, Nina foi estuprada com um cabo de vassoura e por detentas lésbicas. Foi isso mesmo que você leu: Lésbicas!! Um final merecido para uma vilã tão odiada (que depois ganhou vida e vive na pele de um “fake” que comenta no blog do Gabriel Farac). - Não vou falar o final dos outros personagens, quem quiser saber que leia a trama ou o último capítulo, não sou obrigada, não estou sendo paga pra isso. Meu corpo, minhas regras!

A novela foi excelente. Rendeu ótimas cenas e surpreendeu muita gente que achava que seria mais uma história de vingança (tombados!). Foi declaradamente inspirada na trama de A Favorita. Sua trama ágil e seus capítulos movimentados cheios de acontecimentos  que sempre levava a novela pra frente, deixaram a história sem a famosa barriga, durante os seus 35 capítulos. A vilã Marcela prometia ser uma mulher odiada pelo povo, mas aconteceu exatamente o contrário: foi amada. Vilã odiada mesmo foi a Nina... e como foi. Com excelentes personagens, todos tiveram sua importância, o seu destaque, nenhum ficou de fora ou fez papel de figurante (exceto o Bruno, que vivia à sombra da Nina, era um coitado que infelizmente acabou morrendo, assassinado por ela. Uma pena). A mocinha Norma, como já havia dito, foi ofuscada pela trama da vilã Marcela e pelo casal Luteus, porém, nunca perdeu o seu brilho, incrível. Palmas pro autor que surpreendeu, emocionou e divertiu a todos que leram a obra. Considero Redenção uma das melhores novelas já escritas, e uma das melhores já exibidas pelo Web Novelas Channel. Apesar de alguns erros (poucos, quase não dão nem para notar – e qual obra que não têm pequenos erros ou pequenos defeitos, não é mesmo?), a trama é um primor, uma obra prima, realmente, um hino! Aplaudindo com os pés porque com as mãos estou digitando.

Quem não leu, perdeu um novelão, que aguardo ansiosamente a reexibição no “Vale Reler” (e sem cortes!)

Nota: 9,7

Abertura da novela:


(essa porra me dava medo)


É isto, amores! Espero que tenham gostado. Como diz o Jabá: "Quem gostou, gostou! Quem não gostou, paciência. Pisei!" 

Recomendem e comentem abaixo o que acharam da crítica (e da novela), porque senão, não pagam meu salário. Beijox.




Por Megan Clarke
Imagens: Reprodução, google, sei lá

4/10/2018

23:55






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